O que um bom gestor não deve fazer em uma demissão

22/09/2020

Nunca se sabe o momento em que será preciso realizar o desligamento de um funcionário com a empresa, seja por não conseguir desenvolver mais um bom desempenho ou por motivos financeiros, anunciar a demissão a um colaborador é sempre um momento delicado. Não existe um roteiro a ser seguido, porém há algumas atitudes que podem ser adotadas para esta tarefa.

A consultora em RH e processos, coach especialista em liderança e proprietária da Prosper, Josy Judice (@prosper_desenvolvendo_pessoas no Instagram), explica que tudo se inicia com a preparação do gestor para a abordagem. “Uma demissão envolve o equilíbrio emocional da pessoa que conduzirá o processo. Estamos falando de uma vida, de uma pessoa que tem família, planos, contas a pagar e sonhos. Escolher o horário, o local e as palavras farão toda a diferença e certamente a comunicação da dispensa sempre impacta uma pessoa, que levará consigo esta memória”, aponta a profissional, que destaca também que uma dose moderada de empatia é bem-vinda.

Além de uma abordagem mais empática e comunicação efetiva, o gestor deve evitar algumas ações que podem tornar este momento em algo traumático. “Não utilize ele como ‘vingança’ nem para acusações. Também não deve-se expor demasiadamente o motivo da demissão para não gerar discussão, ou delegar um terceiro para comunicar o desligamento do funcionário, uma vez que esta pessoa não acompanhou a trajetória dele na empresa”, acrescenta Josy.

A falta de avaliações periódicas antes da demissão também é um erro comum nas empresas e que deve ser evitado. Se o colaborador não recebe um feedback ou orientação sobre o seu desempenho, como ele poderia ter melhorado? Demitir sem dar a chance de corrigir possíveis erros ou posturas pode ser cruel com o funcionário, gerando um sentimento de injustiça que perpetua por todos os colaboradores.

Outras providências a serem tomadas para tornar a demissão mais humanizada, é a de reunir o máximo de informações para serem transmitidas ao funcionário a ser desligado, como seus direitos, prazos, documentações e até mesmo evitar o desligamento em uma sexta-feira.

“Lembrando que ninguém é demitido por ser 100% inadequado ao cargo. Existem pontos fortes deste funcionário e no momento do desligamento é importante ressaltá-los. Ao adotar esta postura mais humanizada, o empreendimento também se beneficia melhorando o clima, aumentando o grau de confiança dos funcionários e reforça valores humanos importantíssimos para os grandes players no mercado”, ressalta a fundadora da Prosper.

Erros comuns

Não levar uma testemunha – isto assegura um processo mais transparente a todos os envolvidos.

Pedir desculpas e ficar se justificando – muitas vezes o gestor, na tentativa de minimizar os impactos da demissão, se coloca numa posição de pedir desculpas em excesso, como se estivesse cometendo um erro e isto não procede. Mesmo se a decisão da demissão partiu de instância superior, com a qual não se concorda, neste momento ele está representando a empresa. Isto pode levar o funcionário a um processo de negação da demissão, alimentando falsas esperanças e gerando expectativas.

Não comunicar a equipe – todos devem ser comunicados em momento oportuno sobre o desligamento, mas a primeira pessoa a saber da demissão deve ser o funcionário. A equipe deve ser comunicada dos motivos, sempre lembrando de honrar o trabalho do ex-funcionário (caso não haja uma falta grave), para não comprometer o clima e a confiança dos demais.

Abordagem mais agressiva ao acompanhar o acesso a computador, armário, entre outros – muitas empresas, na intenção de se proteger, resguardar informações ou patrimônio, adotam uma postura mais contundente no momento do desligamento. Todo cuidado é pouco para não ocorrer em constrangimento ao ex-funcionário em seu acompanhamento a tais locais, mas o mesmo deve ser feito de maneira elegante.

Não excluir acessos a rede, programas, portaria etc. – infelizmente nem todos têm o mesmo bom caráter e não excluir acessos e avisar pessoas envolvidas, pode trazer consequências desastrosas para a empresa, como compras indevidas ou ações antiéticas como deletar dados ou distorcer informações, como uma forma de vingança.

tags: Demissao, Q-que-nao-fazer, Dicas, Gestão, RH

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